Entrevista com Miguel Veloso, CEO da BySix 1. Quais são os principais objetivos que a BySix quer alcançar até o final de 2024? Para nós existem objetivos intemporais e outros de curto e médio prazo. Começo por aqueles que são de curto e médio prazo. A BySix, desde o ano de 2023, tem-se vindo a reinventar, profissionalizar e capacitar nas áreas de gestão. Para isso, no início de 2023 fizemos um rebranding, começámos a trilhar o caminho para obtermos o certificado ISO9001 que atesta a capacidade de gestão e, consequentemente, a revisitar todos os processos de todas as áreas envolvidas no nosso negócio. Foi o ano de menor crescimento desde a nossa fundação, ligeiramente abaixo dos 50%, mas, ainda assim, superando as previsões traçadas durante o primeiro trimestre do ano. Para 2024 perspetivámos algo diferente, sendo que apostámos em áreas satélite, mas não menos importantes, do motor do nosso negócio, com a criação do departamento de marketing. Esta área veio-nos ajudar não só a divulgar a marca, mas também a estabelecê-la melhor no mercado, revisitando toda a nossa comunicação. Temos agora a possibilidade de comunicar melhor, ser mais claros e com a transparência do costume conseguirmos espelhar todo aquele que tem vindo a ser o nosso trabalho junto dos nossos parceiros. Estamos também a par da mudança de paradigma do mercado, os nossos clientes e potenciais clientes tornaram-se nos últimos anos muito mais minuciosos na escolha de parceiros e colaboradores, e nós acreditamos estar à altura do desafio que nos tem vindo a ser lançado, perspetivando encetar novas relações e continuar a crescer ao mesmo nível dos anos anteriores. Estando habituados a crescer todos os anos e, sendo taxativo, tenho de afirmar que esse tem de ser um dos objetivos intemporais da BySix. No entanto, não podemos querer apenas crescer, temos também de ter as fundações bem estabelecidas, para podermos fazê-lo sustentavelmente. 2. Quais são os principais mercados-alvo da BySix e como estão a ser abordados? Alguns setores, como os da logística, automóvel e financeiro, foram pilares basilares na nossa fundação e crescimento. A BySix, com o seu imenso know-how acumulado nestas áreas, tem sido também parte integral do motor de várias empresas nesses mercados. Desde há uns anos, temos também vindo a abordar outros setores, e estamos a começar a sentir conforto a navegar neles em termos técnicos e de negócio. Desde 2022, fomos expandindo para e aprendendo mais sobre setores como os de retail, hospitality, telecomunicações e energia, chegando a 2024 com a certeza de que já somos também uma mais-valia para os parceiros com quem atuamos nessas áreas. Uma grande parte dos nossos serviços de desenvolvimento e consultoria são exportados (entre 80% a 90%), no entanto conseguimos aplicar grande parte da experiência que adquirimos em qualquer país, respeitando obviamente as nuances e as regras que cada país impõe. Teria todo o orgulho em afirmar o contrário – que 80% a 90% do nosso trabalho é desenvolvido a nível nacional – porque isso quereria dizer que faríamos parte do crescimento tecnológico nacional. A nossa abordagem continuará a ser a mesma: iremos trabalhar para abraçar os desafios em que tenhamos a certeza de que somos o parceiro ideal e uma mais-valia para o cliente e para o setor onde ele se insere, independentemente da sua nacionalidade e localização. Uma coisa é certa, seremos sempre transparentes e honestos, porque essa é a base de uma relação com qualidade e de longo prazo. 3. Quais são as principais diferenças da BySix em comparação com a concorrência? A BySix pauta-se por uma cultura de proximidade e confiança. Parece apenas mais uma frase agradável de se ler e que toda a nossa concorrência utiliza, mas nós fomentamos realmente a proximidade entre todos os colaboradores, independentemente do seu nível hierárquico. Antes de fundar a BySix, estive envolvido em vários projetos internacionais, nos quais imperava a cultura nórdica, onde a exigência desde os aspetos técnicos aos de liderança era muita. No entanto, alguns dos vários pilares que os guiavam e que mais apreciei eram a confiança que depositam no trabalho do outro e a busca incessante pela evolução e aprendizagem. Se juntarmos à cultura nórdica o lado mais caloroso da cultura latina, ou seja, a empatia, a preocupação pelo próximo, a proximidade, o nosso lado destemido, acabamos por encontrar as bases que, na minha opinião, criam o lugar ideal para se trabalhar. Por isso, além da nossa extrema capacidade técnica, que é uma obrigação dada a essência da nossa empresa, a BySix distingue-se pela proximidade, confiança, autocrítica e destimidez – só assim conseguimos enfrentar com sucesso os desafios a que nos propomos, com a elevação que os nossos clientes e colaboradores exigem. 4. Como é que a BySix se tem adaptado às mudanças e tendências do mercado? Nos últimos anos, provavelmente a maior alteração que observámos foi relativa ao equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, e à exigência que isso acarreta não só em termos organizacionais, mas também a nível de segurança. Até 2019 todos os nossos colaboradores trabalhavam on-site, já com a facilidade e flexibilidade necessária para cooperarem remotamente mediante necessidade. Os anos de pandemia não trouxeram algo de novo para nós, no que toca ao regime de trabalho, e sentíamo-nos já preparados tanto para o trabalho remoto como híbrido, sendo que essa adaptação aconteceu de forma muito natural. Estipulámos, em concordância com as nossas equipas, que o trabalho híbrido é o que melhor se aplica à nossa realidade. Muitas vezes perguntam-me “e porque não remoto?” e a explicação é simples: queremos continuar a fomentar a nossa cultura, a trabalhar e a divertirmo-nos em conjunto. E, por isso, estarmos todos juntos uma a duas vezes por semana não significa necessariamente sacrificar o equilíbrio – significa sim ajudar a mantê-lo, porque, quer nós queiramos quer não, no trabalho também se criam amizades e essas são também uma ponte entre os campos pessoais e profissionais. 5. Em que áreas específicas da nossa operação vês maior necessidade de crescimento ou melhoria? Não posso nem devo isolar uma área em específico. Temos a humildade necessária para afirmar que todas as áreas devem ser revistas, reinventadas e melhoradas, sempre que necessário, seja a nível de processos, a nível técnico ou mesmo em relação ao número de recursos humanos. O mercado de trabalho e o nosso setor estão em constante mutação. “Pequenas” novidades, como, por exemplo, o avanço significativo da inteligência artificial nos últimos anos, mudaram a nossa perspetiva de um momento para o outro, criando um número infindável de oportunidades a nível técnico, estrutural ou comportamental. Vou dar um pequeno exemplo: há uns anos nós tínhamos de fazer inúmeras validações técnicas, para primeira triagem, aos perfis de pessoas que se candidatavam às nossas vagas. Atualmente, toda a primeira linha de triagem é feita com inteligência artificial; a plataforma ATS que utilizamos atualmente transforma e analisa curriculums de candidatos automaticamente e isso facilita imenso o trabalho da equipa de recrutamento. Há, no entanto, algumas áreas identificadas onde queremos continuar a melhorar, como, por exemplo, no acompanhamento e retenção de talento. Não porque não o fazemos, mas porque num mercado competitivo como o nosso é necessário estar sempre na vanguarda, de maneira que todos os colaboradores façam este caminho em conjunto. Já não há o sentimento do “trabalho para a vida”, como antigamente, mas nós sabemos que o melhor ativo está dentro de portas e não lá fora.